Você sente que está ficando velho quando velhos hábitos se tornam desinteressantes. A TV retrata bem isso. Você pula de canal em canal tentando achar os programas que não existem mais. Você acha que tudo que passa hoje em dia é pior do que o que passava antes, e quer fazer analogias e comparações dos programas atuais com os da sua época. Você não sabe mais o nome dos atores das novelas e acha que todos eles atuam muito mal. Só você sabe porque a novela das 5 se chama Malhação, e sempre que pode acompanha aquela pérola do vale a pena ver de novo. Você sente a idade chegando quando resolve sair de casa. Principalmente quando o lugar mais agitado que você tem frequentado é um cinema no sábado a noite. Sábado não, durante a semana que é mais barato. Pessoas velhas adoram fazer economia. O pior é quando fica na torcida para o final de semana chegar para simplesmente ficar em casa descansando, ou participar da pamonhada na casa da Tia Soraia. A coisa está feia. O carinha da locadora te conhece pelo nome. Você resolve ir naquela balada bacana, e encontra sua priminha que você costumava pegar no colo. Aquele vizinho fofinho passou no vestibular. As boates e os bares que você gostava mudaram de nome. Os filmes da sessão da tarde você viu no cinema. As músicas que tocam no momento retrô das festas, são justamente aquelas das bandas que você gostava. E por falar em música, nenhuma banda atual presta mais. O Faustão está magro. A Mara Maravilha virou pastora. A Feiticeira também. O Exterminador está engravatado, o Mocotó apresenta o vídeo show, a Fada Bela casou com o apresentador do H e nada disso faz o menor sentido. Todo lugar que você vai, sai reclamando que não foi bom porque só tinha "menino". Cada vez mais você reclama do ano que insiste em passar mais depressa, e adora comentar qual era o preço das coisas na sua época. O Lula enfim venceu, governou por 8 anos e já saiu outra vez. 8 anos, dá pra acreditar? Você começa a ter preguiça dos lugares, e especialmente das pessoas. É constrangedor ouvir uma expressão adolescente que você não sabe o que significa, assim como é complicado tentar explicar o significado do verbo "rebobinar". As reuniões com seus primos e amigos acabam sempre naquela sessão nostalgia dos bons e velhos tempos. Você não consegue acostumar com a Coca Cola Zero, e sente saudade do Baré de TuttiFrutti. Seu ídolo esportivo virou comentarista. Tem uma esponja de calça quadrada falando com a voz do Goku. Os convites de formatura e casamento dos seus amigos insistem em chegar. Carnaval ta aí e os seus planos se resumem em terminar de ver aquela série em DVD. Você se emociona até em propaganda de margarina, e se identifica todo com os textos de eliminação do Pedro Bial. Está muito quente, está muito frio, tem chovido demais. É meus caros. O tempo tem sido cruel. A vida nem sempre nos dá o tempo que precisamos para aproveitar a singularidade de cada momento. Tudo passa, e passa muito depressa. Mas posso te garantir. Existem milhões de adolescentes e idosos por aí que dariam tudo para ter exatamente a idade que você tem agora. Portanto não deixe esse mar de lembranças afogar você. Adapte-se a sua nova condição, aceite o seu novo momento e aprenda a aproveitá-lo do seu modo, pois assim como você sente falta do tempo que já passou, daqui uns anos também lembrará com saudade desse tempo que se passa exatamente agora.
terça-feira, 22 de fevereiro de 2011
segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011
Eu vi Ronaldo.
Eu vi Ronaldo surgir para o futebol. Dentuço e franzino, já chamava atenção com a camisa do Cruzeiro. Vi Ronaldo acompanhar a copa de 94 como ilustre coadjuvante, e vi quando começou a conquistar a Europa em terras holandesas. Lembro bem de quando Ronaldo assombrou o mundo atuando pelo Barcelona. Suas arrancadas do meio campo são eternas. O problema médico antes da final de 98 manchou uma das maiores campanhas de um jogador em um mundial. O vice campeonato era pouco pra tamanho talento. Na Itália Ronaldo virou Fenômeno e reinou com a camisa da Inter. Foi quando que em uma arrancada ao seu estilo, caiu aos prantos com uma gravíssima contusão de joelho. Ouvi muitos dizerem que o Fenômeno estava morto para o futebol, mas na reta final para a copa de 2002, vi ele ressurgir. Foi a sua copa. Artilheiro do campeonato, dois gols na decisão. Mais do que nunca, Ronaldo foi fenômeno. Tive também a honra de ver Ronaldo atuando pelo Real Madrid em um dos melhores elencos da história, e o vi ainda mais imortalizado ao marcar seu décimo quinto gol na copa de 2006 e se consagrar o maior artilheiro da história das copas. Eu vi Ronaldo sofrer outra contusão jogando pelo Milan, e o vi renascer mais uma vez brilhando em sua primeira temporada com a camisa do Corinthians. E é justamente o fato de ter visto tudo isso que faz dessa segunda-feira um dia muito triste. Ronaldo vai parar. Nunca mais vou vê-lo em campo. Suas arrancadas, seu raciocínio rápido, seus dribles. Tudo isso vai virar arquivo. Nunca mais verei o Fenômeno comemorando um gol com o dedo indicador levantado. Sem dúvidas, hoje será anunciada a aposentadoria do maior jogador que tive a honra de ver jogar. Ronaldo é e sempre será um dos grandes. Tenho orgulho de ter acompanhado sua carreira desde o início, e ter tido a chance de vê-lo jogar no estádio por algumas vezes. Espero que agora ele tenha a devoção que merece por parte de nós brasileiros. É triste perceber que as novas gerações não tem o respeito que deveriam por esse nome. Mas a de se compreender. Eles não viram o que eu vi. Eu vi Ronaldo.
quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011
Falso Moralismo
Esse texto é para você que saiu da sala de cinema revoltado com as verdades estampadas no filme “Tropa de Elite 2”, ou para você que se acha um injustiçado quando assiste aos escândalos políticos de Brasília em um noticiário qualquer. Apontar o dedo e julgar o sistema carcerário ou político do Brasil é fácil. Criticar e condenar entidades corruptas como é o caso da igreja, justiça e polícia, isso é mole. Agora me diga com o que sobrou da sua sinceridade: Será que nós, reles mortais, somos assim tão melhores que eles? Você que já pagou propina para um policial te aliviar de uma multa e você que aceita propina nessa ou em qualquer outra circunstância. Você que faz carteira de estudante falsa para pagar meia entrada. Você que apresenta ou fornece atestado médico falso para abonar falta no trabalho ou na escola. Você que sonega imposto ou faz gato para pegar o sinal de TV a cabo. Você que sustenta o tráfico de drogas comprando, vendendo ou simplesmente consumindo entorpecentes. Você que já cadastrou endereço falso para ter algum tipo de benefício e você que sustenta a pirataria comprando CD e DVD na ferinha da esquina. Você que reduz a quilometragem do seu carro usado antes de vender ou que compra carro sinistrado e vende como se não o fosse. Você que já comprou algum trabalho acadêmico ou mesmo que já vendeu algum. Você que se acha o máximo por ter um celular “bodinho” e você que vive parando o carro no estacionamento reservado para deficientes. Você que já roubou chocolate antes de entrar no cinema, você que já entrou pela porta dos fundos do ônibus ou você que subornou o garçom para aliviar a sua conta.Você que cobrou para fazer uma prova com o nome de outra pessoa, ou você que já pagou para fazerem por você. Você que comprou diploma do ensino médio para ingressar na faculdade. Você que vende o seu voto em troca de favores futuros ou você que pede pro seu colega assinar o ponto ou a chamada por você. Coisas simples, coisas graves. Tudo caracteriza um mesmo tipo de caráter. Você que faz uma ou várias dessas coisas, ou até outras não citadas, mais ou menos graves, e ainda se sente no direito de julgar, você é um hipócrita. Na verdade o que você sente em relação aos políticos não é revolta. Passa mais por inveja. Afinal se tivesse no lugar deles, certamente faria a mesma coisa ou até pior. O ser humano é assim por natureza, precisa apenas de uma oportunidade para provar isso. E não precisa negar, justificar ou prometer que vai mudar, basta apenas assumir a sua parcela de culpa nessa nossa sociedade podre, e parar com o seu falso moralismo. Obrigado.
quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011
Saudade
Acho que dentre todos os meus sentimentos diários, a saudade é a maior das companheiras. Tenho saudade o tempo todo. Acho que isso é o que chamam de nostalgia. Sinto saudade do recreio da escola, da bagunça no fundo da sala e da biblioteca movimentada. Tenho saudade daquela fazenda, do meu livro favorito, do abraço da minha avó e do sorriso da minha tia. Saudade do meu mega drive, dos domingos ensolarados no clube, do golzinho na rua de cima, da minha caixa de hominhos e do quebra-cabeças que nunca enjoei de montar. Tenho saudade daquele filme que eu sei as falas de cor ainda hoje, da piscina gelada, dos meus primos que cresceram e estão distantes, do meu irmão que não tem tempo mais pra brigar comigo, de ouvir a fita da minha banda favorita, de todas aquelas viagens, do pé de goiaba, do meu amigo que mora em outro país e também daquele que mora bem do lado de casa. Sinto saudade do pão molhado no toddy, da manga lambrecando toda a roupa, do tempo que minha cachorra ainda latia, do futebol na pracinha, do banho de chuva no fim de tarde e da casa na árvore. Tenho saudade de você, que mudou de cidade. Saudade do tempo que era parte fundamental na minha vida. Tenho saudade até mesmo do dia de ontem, que não aproveitei como deveria. Acho que no fundo tenho saudade de mim mesmo. Do que já fui, e que hoje não me permito mais ser. Mas reflito e concluo. A verdade me conforta. Infeliz aquele que não sente saudade.
segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011
Precisava escrever ...
É que as vezes eu preciso escrever. Algumas vezes quando estou feliz e desejo que o mundo saiba disso. Outras tantas quando estou triste e não tenho ninguém que possa sentir essa dor por mim. Hoje é um dia assim, conseqüência cruel das notícias de ontem e de uma noite muito mal dormida. E é especialmente nessas horas que preciso escrever. Alguém já disse que o poeta deve ser triste, e é exatamente nessa hora que a inspiração me alcança. As palavras são minha válvula de escape. Fantasio que os meus textos possam fazer sentido pra alguém, especialmente para você que teve os planos rasgados assim como foram os meus. Escrevendo posso ser triste, coisa que o meu dia-a-dia de aparência feliz não me permite ser. Não, escrever não resolve meus problemas. Na maioria das vezes nem os suaviza. Mas no mínimo servirão para que um dia possa os ler e me lembrar de tudo. Erros repetidos não são perdoáveis, e por isso mesmo são os que mais doem. Não suporto a forma irresponsável com que as pessoas tratam os sentimentos umas das outras. A falta de reciprocidade na consideração entre os indivíduos é o mal do mundo. A solução está sempre tão palpável mas eu nunca consigo alcançar. É sempre muito difícil enxergar a luz no fim do túnel quando você não deseja sair de dentro dele. Mas agora quero sair. Preciso traçar meu novo plano. Hoje estou triste, escrevo triste, sou triste. Mas prometo que não vai ser sempre assim. Me desculpe a melancolia, mas é que eu precisava escrever.
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