Culhões

Existem várias formas de uma pessoa morrer, mas de viver eu só conheço uma: sem medo. O medo te restringe, te aprisiona e te faz refém. O medo te priva de novas lições, novas experiências e novas conquistas. Aquele frio na barriga não é medo. É ansiedade, apreensão, adrenalina. Medo é quando essas situações te impedem de tentar. Aí sim é medo, fraqueza e covardia. Um pouco de cada coisa. Corajosa não é a pessoa que não sente medo, e sim aquela não se deixa aprisionar por ele. É por isso que só tenho medo de uma coisa nesse mundo: medo do dia que esse sentimento me impedir de alcançar meus sonhos. Aí essa vida aqui já não vai mais valer à pena.

Resiliência.

E no que depender de mim, as coisas vão dar certo. Tem que dar. De um jeito ou de outro. Vou cair, vou levantar e vou seguir até cair de novo, e levantar, e cair, até não cair mais, e cair outra vez. Vai ter dor, vai ter decepção, vai ter sorriso e vai ter suor. Pessoas vão chegar e vão partir. Algumas deixarão saudade, outras nunca mais se vão, seja fisicamente, ou só no coração. Para as cargas mais pesadas terei os ombros mais fortes e nas grandes provações tirarei as melhores lições. Vou lembrar de você com carinho, mas eu preciso seguir em frente. Me permito errar e ser triste, mas que dure apenas o intervalo de dois sorrisos. O coração calejado suporta mais. Hoje foi melhor que ontem, mas ainda não é nem sombra do amanhã. Vou dar o melhor de mim. Sempre. E quando não for suficiente terei uma carta na manga, ou duas. Eu tenho um plano. Na minha vida não existem objetivos não alcançados, apenas momentaneamente incompletos. Um sorriso no rosto, e uma saudade no peito. Sem medo de errar. Só pode dar certo. Vai dar. A felicidade se acha nos momentos de descuido.

O inverno de Gabriela.

Gabriela acordou com os gritos da sua mãe pro café da manhã. Pegou chá com torradas e voltou pra cama. A garota não quis se sentar para ouvir o pai que esperava a família estar reunida pra contar sobre sua promoção no trabalho. Ela tinha dormido cedo depois de recusar o convite da prima para ir naquele show onde por acaso encontraria sua turma de faculdade que ela não vê desde que se formou há 3 anos. A garota sente falta daquele pessoal, mas nunca mais retornou as ligações e nem compareceu aos encontros anuais.  Tomou um banho demorado e ficou com preguiça de ir à academia. Deixou assim de conhecer o estagiário que estaria lá naquela manhã, sujeito íntegro e bem afeiçoado que estava recém solteiro e precisando conhecer alguém. Poderia ter sido ela, mas Gabi preferiu ver aquele filme reprisado na TV e passou a manhã embaixo das cobertas postando fotos antigas no facebook. Nostalgia, lençol e lágrimas, trio quase inseparáveis naquelas férias de inverno. Inventou uma consulta inexistente como desculpa e também não foi no almoço que sua madrinha a convidara faziam dois meses. A madrinha só queria lhe apresentar seu novo namorado que por coincidência era amigo de um rico empresário que estava precisando de uma nova secretária com o seu perfil. No entanto, ela ficou sozinha em casa, requentou o jantar do dia anterior e deixou metade no prato. Gabi odiava purê de batatas. Dentre as várias coisas que a garota gostava de fazer sozinha, ir ao cinema talvez fosse sua favorita.  Porém naquela tarde preferiu baixar um filme na internet e assistir no seu sofá. Justamente por isso nunca conheceu Adriana, que fora ao cinema aquela tarde se sentindo solitária e se sentou na poltrona ao lado da que Gabi se sentaria. Um saco de pipoca derramado, algumas risadas e uma amizade pra vida inteira. Foi mesmo uma pena. As duas tinham tanto em comum. Gabi não foi. Não foi ao cinema, não foi à missa, tampouco na festa de aniversário da sua tia-avó. Aquela fora uma terça-feira comum. Um dia monótono e solitário como tantos outros. Gabi deitou-se cedo se sentindo a pessoa mais infeliz do mundo, lamentando a sua pouca sorte e se perguntando o porque das coisas nunca acontecerem na sua vida. Pobre Gabi, imatura não compreendeu quando sua avó lhe disseuma certa vez: De que vale o tolo sonhar em ganhar na loteira se ele nunca compra um bilhete pro sorteio ?

Bagagem emocional.

Talvez seja essa a grande vilã dos relacionamentos. A bagagem emocional. O resquício, o trauma, as mazelas, as lembranças. Tudo isso gera insegurança e medo do novo. O medo do "de novo". O medo de se entregar, de acreditar, de se dedicar e de se decepcionar. E tudo isso porque alguém uma certa vez teve a infeliz idéia de dizer que é normal errar uma vez, mas prosseguir no erro é indigno. Tolice eu diria. Não existem erros iguais, apenas situações coincidentes. Você  não erra duas vezes igual porque não existem nessa vida duas situações idênticas, e mesmo se existissem, a pessoa que você esta lidando não é a mesma, e sobretudo e o mais importante no caso, é que você não será mais o mesmo. A cada erro um aprendizado. A cada vez que você acredita que será diferente realmente há de ser. Talvez novamente não tenha o final que você procura, mas terá um final que você ainda desconhece, final esse que vai te transformar em uma pessoa mais preparada do que você é hoje, e isso por si só já vale o risco. A bagagem emocional te aprisiona e te faz ser injusto. Faz com que você jogue as decepções de um relacionamento passado na conta de uma pessoa que não tem nada haver com isso. Faz você duvidar da sorte. Faz você afastar uma pessoa boa da sua vida com medo de se decepcionar com ela, ou de causar essa decepção.  É essa bagagem que faz surgir clichês do tipo: “Todo homem não presta” ou “toda mulher é interesseira”. Superficial e tolo como tantas outras conclusões que se ouve por aí. Não é todo homem que não presta, talvez o que não preste sejam os seus critérios de escolha, ou os lugares que você tem procurado esses homens. Já pensou nisso ? E nem toda mulher é interesseira, e sim você que faz de tudo pra atrair as que são, mostrando mais o que você tem do que o que você é. Se importando com imagem, marcas, grife e status.  Status nada mais é que comprar coisas que você não gosta, com um dinheiro que você não tem, para mostrar para pessoas que você nem conhece direito, um ser que você não é. Se comportando assim não resta dúvidas quanto ao tipo de pessoas que irão se aproximar de você. O passado não pode fechar portas para o futuro. Ele apenas te direciona sobre quais novas portas abrir. Pensa nas suas decepções passadas e o quanto que você se tornou uma pessoa melhor depois delas. Não valeu a pena ? De qual outra forma você poderia alcançar a maturidade que você tem agora ? Foi dolorido ? Com certeza! Mas ninguém nunca te disse que seria fácil. É também por conta dessa bagagem emocional que surgem as fórmulas prontas. Não ligue no dia seguinte, tente não demonstrar interesse, cuidado com as palavras fortes, demore um pouco pra responder... Fórmulas que deram certo em momentos distintos e com pessoas totalmente diferentes de você. O mundo seria um lugar melhor se as pessoas procurassem ser mais verdadeiras e ficassem menos na defensiva. Menos fórmula pronta, mais cara limpa. Você gosta? Então diga! Está com saudade ? Procure! Quer conversar ? Liga! Sem medo, sem frescura, sem orgulho, sem receio. E você que esta recebendo tal tratamento, não seja estúpido e trate essa pessoa com a atenção e a verdade que ela merece. Coragem e transparência são itens raros nos dias de hoje, e não faz sentido você que reclama tanto de não poder confiar nas pessoas não saber valorizar quando aparece alguém que te trata com verdade. Acho que as pessoas perderam o hábito de lidar com a verdade, por isso ela assusta tanto. Não tenha medo de ser feliz. Mais vale um mês de alegria do que um ano inteiro de solidão. Ninguém sabe quanto tempo vai durar. Um casamento, um namoro, um romance, uma amizade, um amor, a vida. Tudo é passageiro e incerto. Mas o medo de acabar não pode nunca te impedir de tentar. É comum ouvir por aí alguém dizer: “Terminei meu namoro de 3 anos. Não deu certo!” Não deu certo ? Como não ? Em tempos onde casamentos duram meses você me diz que um relacionamento de 3 anos não deu certo ? Deu muito certo, caso contrario não teria durado tanto. Foi verdadeiro ? Foi intenso ? Deixou boas recordações ? Então deu certo sim, e valeu a pena. Se houve dor e decepção no caminho, é o preço natural que se paga. Que venham outros amores, outros amigos, outros lugares e outros momentos. Que a dor de um adeus não seja maior que a alegria de um recomeço. Que o medo de errar não seja maior que a vontade de acertar. Porque a vida vai ser sempre essa roda gigante, e se você não agüentar o frio na barriga na hora da descida, não vai sentir o vento no rosto e a sensação única da subida. E vai por mim, a vista lá de cima é incrível.  

Corte Moicano, da glória ao abismo.

Quem me vê nos dias de hoje espalhado por aí pode até me julgar mal. Não fui sempre assim sabe ? Minha história começa em meados do século 15, quando a tribo dos Moicanos em uma atitude de protesto se negava a deixar os homens brancos cortarem seus cabelos e para tanto arrancavam com as próprias mãos as laterais e cultivavam apenas a crista central do couro cabeludo. Eu era imponente. Enfeitava as cabeças de um dos povos mais temidos daquela época. Era símbolo de rebeldia e uma afronta contra a invasão forçada da cultura branca sobre os hábitos indígenas. Foi justamente por esse caráter revolucionário que fui mais uma vez lembrado no final dos anos 70, quando me escolheram como um dos maiores símbolos do movimento Punk. Alí foi meu auge. Eu estava estampado na juventude transgressora e nos palcos das maiores bandas de rock do mundo. Virei uma bandeira, uma seita, um símbolo. E assim foi por um longo período, até que começou a minha decadência.
Pouca gente sabe, mas minha primeira aparição no mundo pop veio de uma revista em quadrinhos. Ocorreu quando a Marvel Comics se sentiu no direito de me colocar na cabeça do personagem Daken, filho do Wolverine. Até aí tudo bem né ? Afinal de contas o pai do cara era durão, cheio de pose e fazia sucesso com as tais garras. Acho mesmo que quem decretou o meu fim foi o inglês David Beckham. 

Depois que o sujeitinho apareceu na Copa do Mundo de 2002 me estampando em sua madeixas loiras sedosas o mundo nunca mais me viu da mesma maneira. Eu passei de símbolo da anarquia para item da moda fashion. Daí em diante qualquer burguesinho descolado se sentia no direito de me aderir. 

Vale lembrar a contribuição da Cássia Eller que me colocou ao movimento lésbico no anos 90. Lembro bem do dia que senti que estava no fundo chegando ao fundo do posso. 

Foi quando de repente me vi na cabeça do Junior Lima cantando Imortal no programa da Eliana. Foi o fim. Eu não era mais um corte de cabelo, tinha me tornado um acessório metrossexual. Foi quando começaram a usar os cremes e gels no meu cabelo e me combinar com acessórios bastantes suspeitos. Não tinha mais amigos. Não tinha mais respeito. Os outros cortes zombavam de mim. E como não há desgraça nesse mundo que não possa piorar, depois de um tempo surgiu um tal magricela brasileiro com o nome esquisito que além de lançar a combinação da chapinha com o meu penteado, ainda teve a audácia de me descolorir com água oxigenada. 

Foi aí que acabou tudo. Hoje você pode me encontrar em qualquer lugar do mundo e das mais variadas formas. Liso, crespo, esticado, descolorido, tingido, caído, para cima, para o lado e de traz pra frente. Eu que vim do Rock hoje sou símbolo de dupla sertaneja pop banda Emo e grupo de pagode. Eu que comecei na cabeça de um astro da seleção inglesa, hoje tenho que agüentar o fato de qualquer borrabotas que consegue passar o pé sobre a bola sem cair e bater 3 embaixadinhas se achar no direito de me usar. Essa é minha história meus amigos. A história de como os meus anos de glória de transformaram nesse martírio dos dias atuais. 

Deixo aqui a minha súplica. Que voltem os topetes, rastafáris, dreads, skin heads, os espetados e as tranças. Que me deixem em paz para curtir minha fase final de vida antes que seja mais um corte de cabelo extinto por aí. E que, principalmente, todos saibam de onde surgi, o que representei e qual a minha história. Porque sabem amigos... eu já tive grandes momentos.  

Um poema pra você.

Ela só queria se encontrar, ele só queria a encontrar.

Ele voltou a acreditar, ela só quer esquecer.

Ela era tudo que ele sempre sonhou, ele prometia tudo que ela já não acreditava mais.

Ele só quer se apaixonar de novo, ela pensava em nunca mais se entregar.

Ela é a pessoa errada na hora certa, ele é a pessoa certa na hora errada.

Ela o faz sonhar, ele o faz sorrir.

Ela quer viver o mundo que ele esta tentando sair.

Ele quer abraço, ela quer espaço.

Ele quer provar que pode ser diferente, ela está cansada de ser tudo sempre igual.

Ela quer cidade, ele quer campo.

Ele quer sal, ela quer doce.

Ele quer cinema de mãos dadas, ela quer filme com as amigas.

Ele pensa nela o dia inteiro, ela já não sabe o que pensar.

Ele é só mais um apaixonado, ela é mais um coração partido.

Eles tem tudo pra dar certo, assim como tem tudo pra dar errado também.

Ele não chegou de cavalo branco, ela não estava presa na torre.

Ele não tem tempo a perder, ela só quer viver sem pressa.

Ele faz planos, ela quer viver sem eles.

Hora parece que nasceram um para o outro, hora aparentam não ter nada haver.

É que na vida real os contos são bem assim, meio torto, tudo errado, tudo difícil de prever.

Ele escreveu esse texto para se expressar, imaginando o sorriso dela quando ler.

É que as vezes as palavras ajudam desabafar , e é pra ela que ele precisava escrever. 

Bairrismo no futebol é burrice!

Bairrismo, por definição: “é a qualidade ou ação de quem freqüenta ou habita uma região. Quem defende os interesses do bairro ou de sua terra tanto por atitudes de defesa exacerbada de suas alegadas virtudes, ou, por analogia, da terra natal de alguém. O termo geralmente possui uma conotação negativa, pois ao bairrismo está vinculada uma visão estreita de mundo que menospreza tudo aquilo que vem de fora. “  Vale começar essa discussão pelo conceito, porque na verdade muita gente boa defende uma idéia de bairrismo sem nem ao menos saber ao certo do que se trata o termo. O meu argumento é o seguinte: o futebol não admite bairrismo pelo simples motivo de ter como um dos seus pilares a rivalidade entre os clubes da mesma região. Tomemos como exemplo o Rio Grande do Sul, o estado que na minha opinião tem a população mais bairrista de todo o Brasil. O gaúcho valoriza muito sua cultura, ama sua terra, defende tudo que é seu em detrimento a qualquer coisa que venha de outra parte do país. Certo? Mesmo tudo isso sendo verdade, quando se trata de futebol, você nunca verá um torcedor do Grêmio torcendo pelo Internacional em nenhuma situação e vice versa. Todo torcedor tricolor veste a camisa de qualquer time de outro país ou estado que seja o adversário do colorado em qualquer que seja a situação. Nesse hora não existe bairrismo, regionalismo, apego a cultura local , ou nada parecido. Nessa hora o que existe é a rivalidade, e nesse campo, ao escolher um time de coração, você está automaticamente  tentado a torcer pelo revés do seu rival. Em casos onde isso não ocorra desconfio e muito desse amor que se diz existir pelo clube. Torcer contra o Galo não faz o torcedor do Cruzeiro menos mineiro. Muito pelo contrario, nem mesmo o pão de queijo é tão mineiro quanto a rivalidade entre esses dois clubes.  Torcer pelo Corinthians em um jogo contra o Vasco não faz do Flamenguista um agressor da cultura carioca. Uma coisa não tem absolutamente nada haver com a outra. Assim como também não cabe aquele argumento que um torcedor deve escolher um time da sua cidade pra torcer. Quem é que dita essa regra ? Você que torce para um time insignificante no cenário futebolístico nacional ? Até onde eu sei o futebol é um esporte comercialmente muito rentável justamente por despertar paixões e fornecer lazer as pessoas. Cada um é livre para escolher o seu lazer e o time que se identifica e isso não agride em nada os valores da sua terra natal. Você não é obrigado a comer só arroz com pequi ou ouvir somente sertanejo para ser goiano. Um Baiano tem direito de não gostar de Axé e Acarajé. Ou não ? Ninguém pode forçar ninguém a escolher uma paixão. Pode estar certo de uma coisa, você só vai ouvir esse papo furado de bairrismo no futebol de torcedores de times medianos ou pequenos. Aí, ao invés do cidadão torcer para que o time dele cresça e tome proporções nacionais ou internacionais, ele quer diminuir os clubes que já conquistaram essa condição para que voltem a serem apenas regionais. É muita ignorância. Eu não sei se eles sabem, mas o Flamengo já foi um clube basicamente carioca. Mas aí um tal de Zico e sua geração conquistou em um década 4 Brasileiros, uma Libertadores e um mundial, e isso impulsionou ainda mais o clube a ter torcedores em todas regiões do país e até do mundo. Assim como aconteceu com o São Paulo, Palmeiras, Corinthians, Vasco, e tantos outros clubes por aí. Eu conheço torcedores do Grêmio que são goianos, nunca se quer pisaram em Porto Alegre e são muito mais apaixonados do que vários torcedores de clubes locais. Uma vez uma certa dupla, Paulo Nunes e Jardel, conquistou a América e fez com que eles se tornassem torcedores do tricolor gaúcho. Me respondam agora, existe algo mais legítimo que isso ? Depois de anos de ostracismo após a era Pelé, as gerações de Robinho e Diego e Neymar e Ganso fizeram com que o Santos retomasse o seu posto de grande clube nacional, tendo hoje a maior torcida jovem espalhada por todo o país. Como poderia viver o Santos com torcedores apenas de uma cidade litorânea que não é capital e tem menos de 500 mil habitantes ? Você não pode obrigar uma pessoa torcer pelo seu clube pelo simples fato dele ser da sua cidade. É o seu clube que precisa revelar jogadores e conquistar títulos expressivos para conquistar torcedores, não só na sua região, mas em todo canto que houver pessoas que se identificam com ele.  É por isso que sinto vergonha daquele cidadão que leva uma faixa pro estádio ofendendo seu conterrâneo que torce para um clube de outra cidade. Meu amigo, a sua ignorância é que é uma vergonha. Você não sabe a história de vida do cara, você não paga o ingresso dele e nem a passagem que ele gasta se quiser ir ver o clube onde bem entender. Ele tem todo direito de torcer pra um clube que já ultrapassou as fronteiras estaduais, assim como é digna a sua torcida para que o clube da sua cidade um dia se torne um clube da mesma proporção. Bairrismo no futebol não existe, é burrice.  A pessoa que defende isso, ou não sabe o que é bairrismo, ou não sabe o que é futebol. E viva o direito de escolha e a paixão pelo seu clube, seja ele de onde for.

O Barcelona também sangra.

O Barcelona caiu. Aquele que é para muitos o melhor time de futebol de todos os tempos foi eliminado hoje do Campeonato Europeu de Clubes em seu próprio estádio. Depois de alguns anos conquistando quase tudo que disputou o time catalão sucumbiu diante da impecável disciplina tática defensiva inglesa. O time azul, dessa feita vestido de branco, resistiu ao ataque mais poderoso do mundo jogando quase o jogo inteiro com um jogador a menos, após a irresponsável atitude do capitão John Terry que agrediu seu adversário fora da disputa de bola. Talvez ainda mais incrível que ver o Barcelona ser eliminado foi ver que seus grandes astros também falham e sentem pressão, assim como tantos seres humanos por aí. Xavi erra passe, Iniesta erra domínio de bola e Messi pode falhar na hora decisiva. O jogador argentino que sempre desequilibrou em momentos como esse, hoje não conseguiu ser Messi. Perdeu o pênalti que certamente mudaria toda a história do jogo e não obteve sucesso em praticamente nenhuma tentativa contra a poderosa linha de defesa inglesa. Tenho certeza que assim como eu, muitos amantes do futebol ficaram tristes quando soou o apito final. Pode ter sido o fim de uma era. Com a provável saída de Pepe Guardiola do comando, com o avançar da idade de alguns jogadores e principalmente com o avanço dos sistemas defensivos que estão aprendendo a jogar contra o time catalão, não se pode afirmar qual será o futuro dessa constelação. É certo que o Barcelona jamais deixará de ser um gigante do futebol mundial. Novos craques irão chegar, as campinas trarão novas revelações e essa equipe ficará arquivada na eternidade. Não era esse o final que essa geração merecia. A história do futebol espera ansiosamente por uma decisão entre Barcelona x Real Madrid. Não foi dessa vez. Assim como ainda não foi o momento de Messi chegar a sua quarta conquista de Champions League e se firmar cada vez mais como um dos maiores jogadores de todos os tempos. Cheguo a pensar que o Chelsea ganhou o jogo, mas o futebol perdeu. Digo isso pensando nos inúmeros treinadores que ao olharem o jogo de hoje vão começar a defender seus esquemas medrosos e sem nenhuma vocação ofensiva. Digo também pensando nos ignorantes, tolos e oportunistas que vão dizer que o futebol do Barcelona encanta mas não vence, que o Messi amarelou na hora da decisão, que faltaram culhões ou qualquer outro coisa do gênero. Tudo declarações vazias de gente que não respeita o futebol. O Barcelona e seus jogadores não tiveram sua importância sequer arranhada no dia de hoje. Acreditaram no seu jogo, jogaram até o último minuto sem dar um chutão ou um pontapé. Foram eliminados porque o futebol é o único esporte do mundo onde isso seria possível, e talvez essa seja a única parte que o futebol ganhou  no dia de hoje. Na parte em que provou mais uma vez que é a imitação da vida, onde nada é certo e tudo pode acontecer. Não existe time imbatível e nem vencedor de véspera. O pobre ganha do rico, o pior vence o melhor. O futebol é assim. Só ele é assim. O time do Barcelona é infinitamente superior ao do Chelsea e mesmo assim foi eliminado. Condeno o time do Chelsea por ter atuado de forma covarde os 90 minutos de jogo, mas pensando bem, que outra forma teria o time inglês de sair do campo classificado ? Nenhum time do mundo hoje é capaz de jogar de igual para igual com o time catalão sem sair com uma sonora goleada, como o próprio time de Neymar pôde bem comprovar. O Chelsea venceu não da forma que gostaria, mas da única forma que seria possível. Cech, Ramires, Lampard, Drogba dentre outros tiveram atuações míticas que serão eternamente relembradas pelos torcedores londrinos. O futebol mais uma vez surpreendeu, inovou, encantou. Venceu o mais fraco, que por 180 minutos conseguiu ser o mais forte. O gigante caiu. O Barcelona também sangra. A história esta mais uma vez escrita, e o esporte mais amado do mundo segue seu rumo. Imprevisível, incerto, apaixonante.

Meus primos, meus irmãos.

Em tempos de famílias reduzidas, com poucos filhos e irmãos distantes, eu sempre tive meus primos. Os mais velhos que me apresentaram o mundo, e os mais novos que me fizeram parecer importante. Os da minha idade que cresceram junto comigo e os bem mais novinhos que foram minha primeira experiência paterna. Tenho aqueles primos que moram distante e que sempre fizeram das minhas férias momentos inesquecíveis. Tenho os primos baladeiros que me fizeram sonhar em crescer depressa, primos bons de bola que me levavam para as primeiras peladas e primas mais velhas gostosonas que acho melhor eu nem comentar nada a respeito. Com vocês eu vivi minhas maiores aventuras infantis. Na fazenda do meu tio, na casa dos meus avôs, no pé de goiaba lá do fundo, no buraco dos morcegos, no futebol na garagem, na pracinha alí da frente, no lote, na chácara, na casa do vizinho, no clube, na rua de baixo, naquelas viagens para praia, em tantos outros lugares e em todas aquelas vezes que vocês foram dormir lá em casa ou eu na de vocês. Estive pensando em todos vocês meus primos, nos que ainda hoje são como irmãos e na outra grande maioria que já esteve tão perto de mim e hoje se encontram tão distantes, correndo e cuidando das suas vidas assim como tenho corrido e cuidado da minha, sem tempo muitas vezes de dizer nem mesmo um oi. Não sei bem onde foi que nos afastamos, mas tenho certeza que o carinho e as lembranças são eternas. Espero que saibam que sempre farão parte da minha história, e que guardo cada momento vivido comigo, e assim será para todo o sempre. Acredito que em muito breve teremos mais tempo de nos encontrarmos, contarmos nossas histórias, reunirmos nossas famílias, relembrarmos os grandes momentos com belas risadas, e sobretudo, para que meus filhos possam conhecer todos os seus tios, porque se depender de mim,  e faço questão que assim seja, esse será sempre o tratamento que eles terão para com vocês, já que os considero como irmãos. Ficaram as recordações e o respeito. Obrigado pela infância mágica que me proporcionaram. 

Opte pelo eterno, ignore o momentâneo.

Poucas coisas duram para sempre, principalmente no que diz respeito a um relacionamento. A beleza acaba com o tempo, as prioridades mudam, os gostos e as opiniões também. Quase tudo que você ama em alguém pode ser cruelmente apagado pelo tempo. Aquele olhar perde o brilho, aquela barriguinha se multiplica, os bens materiais se vão. Talvez seja por isso que os relacionamentos durem cada vez menos. As pessoas insistem em se apegar às coisas passageiras. É por isso que grandes amores viram romances, e ardentes paixões perdem toda a graça. É por isso que um “eu te amo” vira um “tenho carinho por você” e o pra sempre deixa de existir.  É sempre por isso. Mas creio que exista uma saída, e talvez seja a única nesse processo. Apaixone-se pelo sorrir. Pelo ato de sorrir e de fazer sorrir. Escolha a pessoa que te faz dar risada, que tem um senso de humor parecido com o seu e que ache graça das suas bobagens. Aquela que conta uma piada na hora mais imprópria e que enxergue as coisas de uma forma mais ou menos parecida com a sua forma crítica de ver. Opte pelo eterno, ignore o momentâneo. Só assim, depois do passar do tempo, depois que tudo mudar, pode tudo ser novo, pode ser tudo um pouco estranho, mas enquanto estiverem juntos, sempre existirá um sorriso. 

Solidão por escolha.

Viver sozinho vicia. Chega uma hora que gente incomoda. Dá uma espécie de gastura, e é essa gastura o primeiro passo para a solidão. É claro, só gosta de solidão quem nasceu pra ser solitário. Só o solitario gosta de solidão. Quem vive só e não gosta de solidão não é um solitario, é só um desacompanhado. Solidão é vocação, besta de quem pensa que é sina. Por isso, tem que ser valorizada. E não é qualquer um que pode ser solitário não. É preciso ter competência pra isso. Pra viver bem com a solidão temos de ser proprietarios dela e não inquilinos. Quem é imquilino da solidão, não passa de um abandonado. Não é que eu não goste de gente, eu não suporto é ser usuário, o que é bem diferente. Minha solidão tem um nome: renúncia. Eu renunciei ao gênero humano. É simples e só. Perdi a crença nas pessoas. O certo é que eu sou um descreste de gente, só isso. Tirei as pessoas da minha vida, como tirei o açúcar de minha diabete. Minha solidão é medicinal.

Texto inspirado na obra Lições de Motim. 

Tudo aquilo que nunca foi dito.

E se houver alguem aqui que seja contrario a esse casamento que fale agora ou se cale para sempre. Eu tenho. Tenho porque não  posso permitir que esse casamento se concretize sem antes dizer algumas palavras, sem antes soltar do meu peito algumas coisas que estão presas já faz algum tempo. A verdade e que eu só vou passar por isso e ter essa chance uma única vez na vida, afinal, hoje é o casamento do meu único irmão, e isso torna tudo ainda mais especial. Não posso deixar de olhar nos seus olhos meu irmão e  dizer o quanto estou feliz pelo dia de hoje e o quanto você fara falta la em casa. Vou sentir falta das nossas conversas, das nossas brincadeiras e especialmente das nossas brigas. Vou sentir falta de você assistindo Discovery Channel enquanto eu queria ver algum programa de esportes, de você me mandando sair da internet, das nossas negociaçoes para ver quando e para onde cada um poderia usar uma roupa um do outro. Vou sentir falta do seu grito pedindo o condicionador ou a toalha porque sempre entra pro chuveiro e esquece um dos dois, ou da divisão do bife na hora da refeiçao. Vou sentir falta de acordar e dormir e ter você ali do meu lado, mesmo que a gente passe o dia todo sem trocar uma única palavra devido a correria do dia-a-dia. Acho que só agora me dei conta, mas nesses vinte cinco anos de vida, nunca acordei no meu quarto sem ter sua cama ali do lado. Sei que vai fazer muita falta, e essa certeza tem me feito chorar escondido nos últimos dias.  Quem agora vai derramar o suco no almoço, ou me xingar porque bebi toda a coca-cola que sobrara pro jantar ? Qual a graça de rasgar o fundo das sacolas das compras se não tem você pra pegar e deixar cair tudo ? Pra quem vou contar aquela piada nova ou assistir aquele jogo de futebol na sala ? Sabe de uma coisa Nadinho, acho que o que me incomoda e saber que não aproveitei tudo o quanto podia. Acho que mais pela minha forma fechada de ser do que a sua. Mas estou aqui agora, um pouco mais maduro, acreditando que ainda da tempo de te falar tudo isso. Dizer que você e a pessoa que mais admiro nesse mundo, que tenho orgulho da sua dedicaçao e que não conheço uma pessoa se quer que mereça tanto ter diversas conquistas nessa vida do que você. Se o ditado estiver correto meu irmão, e tenho razoes para acreditar que sim, você pode ter certeza que a sua plantaçao foi muito boa, e os frutos estão vindo a galope. Mas hoje não e dia de falar só de você. Tem mais alguem aqui que sempre sonhou com esse momento.  Ainda me lembro do primeiro dia que a Letícia foi la em casa. Quando passei pela sala vocês estavam jogando video-game. Não me recordo, mas julgando pelos longos anos de namoro, deveria ser meu Atari. Lembro que a primeira vez que você apresentou a Letícia como sua namorada eu subitamente tive a certeza que aquele dia ela estaria entrando nas nossas vidas para nunca mais sair. Aquelas coisas que acontecem assim meio que sem explicaçao. Eu a olhei e pensei: essa vai ser a mãe dos meus sobrinhos. E que bom que eu estava certo.  Uma vez ouvi alguem perguntar ao meu irmão: Leo, você já imaginou o tanto de coisas que poderia ter tido se não estivesse namorando na sua época de faculdade ou de residencia? Ele sorriu pensativo e disse: Realmente, eu teria vivido e tido varias coisas, mas não teria a Letícia, e por isso não valeria a pena. E tenho certeza que valeu cada segundo. Tenho muita admiraçao, carinho e respeito por você minha cunhada, e sou grato a Deus por ter colocado uma mulher tao especial na vida do meu irmão. Espero que a distancia no dia-a-dia nos deixe ainda mais unidos nos momentos em que pudermos estar juntos. Hoje vocês deixam de ser plural, e faco votos que esse singular possa durar para a eternidade. Vai fazer muita falta, o vazio da sua cama sempre estará lá Leo, mas todos nos sabíamos que esse dia chegaria, e agora estamos aqui. Pronto, agora essa cerimonia pode prosseguir. Agora já disse um pouquinho de tudo que precisava dizer. Agora já sabem que aqui existe um irmão e um cunhado muito feliz por vocês, que espera que o amor de vocês prossiga cada vez mais forte no decorrer dos anos, que vai levar pra sempre e com muita saudade a infância que viveu com seu irmão e que, sobretudo, esta louco pra ganhar um sobrinho o quanto antes. Era isso, agora já podemos seguir para o felizes para sempre.

O outro lado da moeda - Episódio I

O lobo

Era início de Primavera na Irlanda dos anos 60. A Floresta Mediterrânea ainda sofria as consequências de mais um inverno rigoroso. Os animais da Floresta tinham rumado para o sul. A fome era sua companheira. O velho e generoso lobo morava alí sozinho desde que sua velha companheira se foi. A estrada estadual passava a alguns quilômetros a noroeste, e a estradinha que passava até sua casa era escura e ja quase totalmente tomada pelas árvores. Apesar de ser um bom atalho para quem ia para o norte do continente, quase ninguém mais passava  por alí, exceto ela. E como ele a odiava. Quantas vezes aquela infeliz tinha lhe roubado o sono com aquela música insuportável? Quantas janelas quebradas com suas pedradas? Quantas vezes ela abriu a porta do seu viveiro deixando toda a sua reserva de comida fujir? Quantas vezes ela se esforçou pelo simples prazer de vê-lo infeliz? Só para sorrir enquanto sua dor nas costas o impedia de correr para socorrer suas travessuras.

Dessa vez seria diferente. Ele estava vacinado e tinha tomado suas precauções. Era o dia e o horário que ela sempre vinha o atormentar. No dia em questão, quando ela quebrou o seu vitral recém colocado, ele já estava longe dalí. Tinha aprendido onde a garota morava. Correu pra lá. Iria contar tudo a sua sua tutora antes da infeliz chegar em casa. A garota não tinha pais. Era criada pela avó. Uma senhora estúpida e arrogante, que defendia a neta em todas as suas baixarias. Mesmo sabendo disso, ele bateu a campainha. Antes mesmo da porta se abrir, o zunido do machado acertou seu pescoço. As últimas imagens que conseguiu ver foi de uma velha de olhos e dentes grandes, um caçador de machado ensanguentado e uma risonha garota de capuz vermelho. Morreu sem nunca ter feito mal a uma mosca. Lobo no quintal vizinho já é condenado sem julgamento.
Essa é a real história do velho lobo. O resto é conto de fadas.

A mulher de Aries.

A mulher de Aries e doce, meiga e sensivel, mas voce nunca vera ela demonstrar isso. Ela se importa com animais indefesos e tem dom para a culinaria. No amor e uma mulher fiel, nao troca um relacionamento estavel por uma aventura e respeita muito o sentimento do seu par. E carinhosa e quente entre quatro paredes. Nao tente convidar uma Ariana pra sair, e ela que tem que estar disposta para tanto. Costuma ser uma filha antenciosa e prestativa, especialmente no que se refere ao seu relacionamento paterno. Um animal de estimacao sempre sera um otimo presente. Nada de doces ou flores. Seu par ideal e o Touro. Faz questao de sua independencia financeira e pensa no seu casamento so depois dessa conquista ser efetivada. A ariana costuma ter verios homens aos seus pes. Seus relacionamentos regressos nao sao bem resolvidos. Voce nunca sabe quando uma mulher Ariana esta gostando de voce ou apenas sendo simpatica, por isso nunca se impolgue demais porque ela e capaz de te dispensar de uma forma um tanto traumatica. A mulher de Aries gosta de celebrar. Cerveja e destilados sao com ela mesmo. Chora com musicas romanticas e tem um gosto pelas artes marciais. Voce que pretende se casar com uma Ariana pode preparar o bolso. Shoppings e Feiras da Moda sao um perigo. Ela veste bem e pode fazer sucesso mesmo com uma calca jeans e uma blusinha basica. Eu ainda nao sei bem como conquistar o coracao de uma Ariana, mas quando eu descobrir juro que termino esse texto aqui pra voces.