Era início de Primavera na Irlanda dos anos 60. A Floresta Mediterrânea ainda sofria as consequências de mais um inverno rigoroso. Os animais da Floresta tinham rumado para o sul. A fome era sua companheira. O velho e generoso lobo morava alí sozinho desde que sua velha companheira se foi. A estrada estadual passava a alguns quilômetros a noroeste, e a estradinha que passava até sua casa era escura e ja quase totalmente tomada pelas árvores. Apesar de ser um bom atalho para quem ia para o norte do continente, quase ninguém mais passava por alí, exceto ela. E como ele a odiava. Quantas vezes aquela infeliz tinha lhe roubado o sono com aquela música insuportável? Quantas janelas quebradas com suas pedradas? Quantas vezes ela abriu a porta do seu viveiro deixando toda a sua reserva de comida fujir? Quantas vezes ela se esforçou pelo simples prazer de vê-lo infeliz? Só para sorrir enquanto sua dor nas costas o impedia de correr para socorrer suas travessuras.
Dessa vez seria diferente. Ele estava vacinado e tinha tomado suas precauções. Era o dia e o horário que ela sempre vinha o atormentar. No dia em questão, quando ela quebrou o seu vitral recém colocado, ele já estava longe dalí. Tinha aprendido onde a garota morava. Correu pra lá. Iria contar tudo a sua sua tutora antes da infeliz chegar em casa. A garota não tinha pais. Era criada pela avó. Uma senhora estúpida e arrogante, que defendia a neta em todas as suas baixarias. Mesmo sabendo disso, ele bateu a campainha. Antes mesmo da porta se abrir, o zunido do machado acertou seu pescoço. As últimas imagens que conseguiu ver foi de uma velha de olhos e dentes grandes, um caçador de machado ensanguentado e uma risonha garota de capuz vermelho. Morreu sem nunca ter feito mal a uma mosca. Lobo no quintal vizinho já é condenado sem julgamento.
Essa é a real história do velho lobo. O resto é conto de fadas.
Essa é a real história do velho lobo. O resto é conto de fadas.
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