terça-feira, 17 de julho de 2012

O inverno de Gabriela.


Gabriela acordou com os gritos da sua mãe pro café da manhã. Pegou chá com torradas e voltou pra cama. A garota não quis se sentar para ouvir o pai que esperava a família estar reunida pra contar sobre sua promoção no trabalho. Ela tinha dormido cedo depois de recusar o convite da prima para ir naquele show onde por acaso encontraria sua turma de faculdade que ela não vê desde que se formou há 3 anos. A garota sente falta daquele pessoal, mas nunca mais retornou as ligações e nem compareceu aos encontros anuais.  Tomou um banho demorado e ficou com preguiça de ir à academia. Deixou assim de conhecer o estagiário que estaria lá naquela manhã, sujeito íntegro e bem afeiçoado que estava recém solteiro e precisando conhecer alguém. Poderia ter sido ela, mas Gabi preferiu ver aquele filme reprisado na TV e passou a manhã embaixo das cobertas postando fotos antigas no facebook. Nostalgia, lençol e lágrimas, trio quase inseparáveis naquelas férias de inverno. Inventou uma consulta inexistente como desculpa e também não foi no almoço que sua madrinha a convidara faziam dois meses. A madrinha só queria lhe apresentar seu novo namorado que por coincidência era amigo de um rico empresário que estava precisando de uma nova secretária com o seu perfil. No entanto, ela ficou sozinha em casa, requentou o jantar do dia anterior e deixou metade no prato. Gabi odiava purê de batatas. Dentre as várias coisas que a garota gostava de fazer sozinha, ir ao cinema talvez fosse sua favorita.  Porém naquela tarde preferiu baixar um filme na internet e assistir no seu sofá. Justamente por isso nunca conheceu Adriana, que fora ao cinema aquela tarde se sentindo solitária e se sentou na poltrona ao lado da que Gabi se sentaria. Um saco de pipoca derramado, algumas risadas e uma amizade pra vida inteira. Foi mesmo uma pena. As duas tinham tanto em comum. Gabi não foi. Não foi ao cinema, não foi à missa, tampouco na festa de aniversário da sua tia-avó. Aquela fora uma terça-feira comum. Um dia monótono e solitário como tantos outros. Gabi deitou-se cedo se sentindo a pessoa mais infeliz do mundo, lamentando a sua pouca sorte e se perguntando o porque das coisas nunca acontecerem na sua vida. Pobre Gabi, imatura não compreendeu quando sua avó lhe disseuma certa vez: De que vale o tolo sonhar em ganhar na loteira se ele nunca compra um bilhete pro sorteio ?

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